Revolução no Varejo por Sthefano Cruvinel CEO da EvidJuri

Revolução no Varejo por Sthefano Cruvinel CEO da EvidJuri

Jornal de Uberaba
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Tecnologia
10 Jun 2024
Revolução no Varejo por Sthefano Cruvinel CEO da EvidJuri

A rede de supermercados Muffato já tem em funcionamento desde 2022 a sua primeira loja autônoma em Curitiba, num investimento de R$ 10 milhões. No estabelecimento, os clientes podem fazer compras e pagamentos automaticamente por meio de um aplicativo, sem a necessidade de passar por atendimento humano. Ao entrar na loja, o cliente ativa um QR code no aplicativo da rede e passa pela porta eletrônica — se ele entrar com mais de uma pessoa, tudo o que fizerem ficará registrado no app da pessoa que liberou a entrada.

O sistema da Muffato foi implantado pela Sensei, empresa portuguesa líder no setor de tecnologia, automação e startups. Ele disponibiliza experiência de compras simplificada sem filas, self-scanning ou qualquer outro formato físico de checkout. Essa foi a primeira implementação da tecnologia Sensei fora da Europa. Os clientes têm apenas que baixar o aplicativo do Grupo Muffato, que gera um QR code que lhes permite entrar na loja, recolher os produtos
desejados e sair sem precisar passar num caixa ou numa fila.

“Algo parecido pode ser percebido na loja da Decathlon em Uberlândia, porém de forma menos abrangente, ainda com a presença de um bom número de funcionários. Mas lá, o cliente entra, escolhe a mercadoria e consegue fazer o pagamento e sair da loja sem precisar do auxílio de um funcionário.

Na loja Muffato, os dados recolhidos pela Sensei são facultados em tempo real para uma otimização na tomada de decisões das operações de loja, detecção de stock outs, produtos perdidos ou gestão de inventário. Além de uma experiência de compra inigualável para o cliente, sem filas e checkout, também proporciona visibilidade sobre o comportamento e as preferências dos clientes na loja.

Uma rede de sensores disponibiliza a informação que a inteligência artificial da Sensei necessita para acompanhar “os produtos que cada cliente seleciona e devolve por toda a loja, que ocupa um total de 250 metros quadrados. O
valor dos produtos escolhidos é cobrado automaticamente aos clientes na saída. Como parte integrante das salvaguardas de privacidade da Sensei, a privacidade dos clientes permanece anônima enquanto eles fazem as suas compras. Conforme explicação do próprio gerente de operações da Sensei, o sistema todo é baseado em três etapas: a primeira é o monitoramento de cada produto e das pessoas que estão na loja; não há reconhecimento facial, pois o rastreio é apenas pela posição da pessoa; e pelo peso, em que as prateleiras inteligentes permitem saber qual item foi retirado. E mais, o sistema foi treinado para reconhecer todos os itens à venda. As etiquetas de preços são digitais. Os preços são exibidos em telas que usam tecnologia parecida com a do leitor digital Kindle, e “os valores podem ser modificados em instantes - facilitando promoções, por exemplo.

A loja da Muffato de Curitiba mantém apenas sete funcionários que ficam responsáveis pelo atendimento, alguma dúvida do cliente, e pela gestão de estoque.

O leitor pode perguntar o porquê de toda essa introdução neste artigo, citando o case da Muffato de Curitiba? É que, creio eu, tudo isso já seria indício de uma profunda transformação no sistema de funcionamento em determinados segmentos varejistas, como mercearias e supermercados, que pode influenciar o mercado de trabalho, com reais possibilidades para uma redução drástica na oferta de empregos.

Certo que é que a integração da IA no setor varejista - aqui destacando mais uma vez mercearias e supermercados - vem sendo cada vez mais usual. Segundo relatório da plataforma online Grocery Doppio, os comerciantes esperam
um aumento de quatro vezes nos seus investimentos com recursos alimentados por IA até 2025. Os grandes varejistas estão implementando ativamente a IA e a robótica para automatizar processos nas lojas, back-offices e armazéns. Entretanto, há ainda alguns que hesitam mudar de ferramentas familiares para inovações mais recentes e pouco exploradas, como as IAs.

Mas, baseado em certos exemplos, como o da Muffato, a tecnologia de IA na indústria alimentar tem, sem dúvida, um grande potencial para melhorar a experiência do cliente e redefinir a estrutura de custos. No entanto, nem todas as soluções inteligentes são adaptadas às necessidades e ao orçamento atuais de cada empresa, tendo em vista que a grande maioria não pode se dar ao luxo de perder tempo e dinheiro. Por isso, escolher o caminho e a tecnologia certos é fundamental.

Vejamos com mais clareza quais as principais tendências tecnológicas para supermercados em 2024. Numa análise mais abrangente, fica mais fácil entender as soluções projetadas para se alinhar aos desafios específicos de um
negócio.

A tecnologia baseada em IA em mercearias e supermercados inclui dispositivos e serviços inteligentes que visam otimizar a experiência de compra e as operações da loja nos bastidores. Por exemplo, existem soluções para
análise de dados de vendas, gestão de prateleiras e otimização logística. Previsão e otimização de estoque de IA, automação de armazém e robótica estão entre as áreas mais populares onde a inteligência artificial é utilizada nas cadeias de suprimentos.

Quanto à experiência do comprador, a tecnologia dos supermercados está migrando ativamente para caixas de autoatendimento, caminhos inteligentes, assistentes robóticos e aplicativos móveis que geram ofertas personalizadas e listas de compras individuais.

Em geral, as tecnologias de IA no setor de alimentos são projetadas para aumentar a eficiência das compras, reduzir despesas comerciais e melhorar a experiência geral do cliente por meio da tomada de decisões e da automação baseadas em dados.

A seguir, vou detalhar melhor cinco tendências tecnológicas atuais, alimentadas por IA, relevantes para supermercados.

1. Análise e previsão aprimoradas - Atualmente, embora apenas as grandes e médias empresas utilizem análises preditivas e métodos de automação, boa parte dos pequenos comerciantes de produtos alimentícios ainda utilizam cálculos manuais e não têm informação sobre os saldos reais dos estoques. Também não há dúvida de que os futuros varejistas não conseguirão operar sem previsões de IA devido ao mundo em transformação, com múltiplos fatores influenciando a demanda.

Diante disso, a inteligência artificial integrada permite otimizar promoções, posicionamento de produtos e solucionar problemas de gestão de estoque. A análise preditiva baseada em algoritmos de IA minimiza problemas de excesso de estoque e escassez, permitindo a entrega de experiências de marketing inovadoras e personalizadas, garantindo ao mesmo tempo um controle de estoque eficaz. À tecnologia de IA para supermercados reflete um movimento estratégico em direção à tomada de decisões baseada em dados para melhorar a eficiência operacional e a satisfação do cliente.

2. Controle de espaço de prateleira - O controle de layout está se tornando mais fácil com robôs e câmeras com visão computacional escaneando produtos e registrando SKUs (do inglês Stock Keeping Unit, ou Unidade de Manutenção de Estoque em português) fora de estoque ou extraviados. Os gerentes de loja recebem relatórios em seu aplicativo móvel com fotos das mercadorias que precisam ser movimentadas ou reabastecidas.

É claro que a implementação da robótica é um processo longo e complexo, mas já estão disponíveis inovações tecnológicas semelhantes e mais fáceis para os supermercados. Por exemplo, existem empresas que fornecem
softwares de automação de varejo e cadeias de suprimentos baseadas em IA por meio dos quais os gerentes de loja podem receber tarefas do um escritório central, checar alterações no planograma do PDV em tempo real, digitalizar mercadorias e enviar fotos das tarefas concluídas.

3. Gerenciamento inteligente de sortimento - As inovações fornecem ferramentas eficazes para o planejamento de produtos de alta qualidade. Um software baseado em aprendizado de máquina analisa constantemente as mudanças nas categorias e sua eficácia, oferecendo maneiras de melhorar o gerenciamento de sortimento e tomar decisões de negócios com grande eficiência. As soluções baseadas em IA facilitam a criação e estratégias diárias de gestão de sortimento e permitem aos varejistas de alimentos se manterem informados sobre possíveis melhorias nos principais indicadores de desempenho.

4. Promoções personalizadas - Os varejistas aproveitam a IA para analisar o comportamento do cliente, identificando padrões e mudanças no estilo de vida. Esses dados permitem a criação de promoções hiperpersonalizadas, adaptadas a preferências individuais.

Ofertas personalizadas são o futuro dos supermercados. Esse tipo de comércio funciona muito bem em conjunto com carrinhos inteligentes, dotados de sensores, balanças e leitores de código de barras que permitem detectar os itens. Os carrinhos permitem que os usuários pulem a fila do caixa, rastreando e contabilizando os itens à medida que são colocados dentro dele. Os compradores recebem ofertas personalizadas e acesso a programas de fidelidade por meio da exibição dos carrinhos com base em seus perfis, histórico de compras e localização atual da loja.

5. Precificação dinâmica - Atualmente, os preços dos produtos estão constantemente alinhados com as flutuações da procura, do poder de compra e da situação do mercado em geral. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor “Amplo (IPCA) fechou 2023 com alta de 4,62%. Apenas o grupo dos alimentos variou 1,03%, ante 11,64% em 2022. A precificação dinâmica é um exemplo claro de aplicação do poder da IA no varejo de alimentos. Aproveitando algoritmos avançados, a IA pode analisar milhões de variações de preços nas lojas, dependendo da demanda, da estação, das promoções e das mudanças do mercado, para recomendar preços ideais para os itens. Além disso, as etiquetas de preços eletrônicas podem ser usadas em lojas físicas para executar com eficácia diversas estratégias de preços, como descontos em produtos com excesso de estoque ou com datas próximas do vencimento.

Contudo, como podemos perceber, a IA está no centro destas transformações, porém, mais tecnologia ao que tudo indica representará menos mão de obra presente nas lojas, como no caso da Muffato que, como dito, opera com apenas sete funcionários. Atendência é que muitos empregos desapareçam.

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Quer saber mais? Leia a coluna Em Inovação e Tecnologia no Jornal de Uberaba onde o nosso CEO Sthefano Cruvinel compartilha insights exclusivos.

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